Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), durante sete anos, aponta que o exercício físico pode ser a chave para prevenir e potencialmente tratar o Alzheimer.
A doença é uma das que mais avança no mundo à medida que a população envelhece e, o pior, ainda não tem cura. De acordo com a pesquisa, a irisina, que é um hormônio produzido pelos músculos quando praticamos exercícios, protege o cérebro e restaura a memória afetada pela doença.
O bioquímico da UFRJ, Sérgio Ferreira, conta que esse estudo, divulgado nesta semana pela revista Nature Medicine, teve duas etapas. Na primeira, foi verificado que o músculo produz a irisina e quando ela cai na circulação, ela vai para diferentes órgãos, inclusive o cérebro. Além disso, ela também pode ser produzida no cérebro.
Segundo ele, com isto, foi possível descobrir que os níveis de irisina estão bastante diminuídos no cérebro de pacientes com Alzheimer.
“Se você compara o idoso normal com o idoso doente, que tem a doença de Alzheimer, o paciente Alzheimer tem níveis muito mais baixos de irisina no cérebro. E nós vimos a mesma coisa, porque nós estudamos um camundongo geneticamente modificado, que nós temos aqui no laboratório e que é um modelo para doença de Alzheimer. Então, alterados geneticamente, eles desenvolvem uma coisa muito parecida com a doença de Alzheimer.”
Sérgio Ferreira conta que estes camundongos desenvolvem perda de memória, perda da capacidade de aprendizado e alterações no cérebro, ou seja, reações bem parecidas com que os pacientes humanos tem.
Já o segundo passo da pesquisa foi verificar se esta irisina tinha algum papel na memória. A descoberta foi que se for reduzido a quantidade de irisina no cérebro do camundongo, a memória deles piora muito. O mais interessante é que se você pega um camundongo que tem sintomas parecidos com que tem Alzheimer e aumenta os níveis de irisina, a memória deste animal se recupera.
Como a irisina é liberada pelo músculo na atividade física, então o passo seguinte foi justamente pensar no exercício físico como uma forma de aumentar a irisina produzida pelo organismo. Foi então que eles exercitaram os camundongos por cinco semanas e viram que eles recuperaram a memória de forma total.
A cuidadora Joseneide Diniz Rocha, de 60 anos, mora em Recife e cuida da Lourdes Soares, de 80 anos, que tem a doença, há quatro anos. Segundo ela, a tarefa de cuidar é árdua e de grande responsabilidade.
“Quando eu comecei a cuidar dela, ela ainda fazia tudo sozinha, mas com a minha orientação. Aos poucos ela foi recaindo, ficando mais esquecida. Você tem que ter carinho, dedicação, você tem que ter paciência e gostar; porque se você não gostar, não adianta! Ela é para mim como se fosse da família. Eu cuido dela como se estivesse cuidando da minha mãe.”
Para se ter uma ideia, o mal de Alzheimer atinge 33% da população com mais de 85 anos de idade. Segundo o Ministério da Saúde, aqui no Brasil, estima-se que haja mais de 1 milhão de pessoas com a doença.
Reportagem, Cintia Moreira
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